classe conseqüente; da pequena burguesia urbana e da influência do socialismo; conseqüentemente não puderam impedir a eclosão dos movimentos revolucionários de 1922, 1924, 1930 e 1935, nem tolher a organização política do proletariado.
[...] Ao historiar o desenvolvimento do País, sabe abordar os problemas essenciais e focalizar com força fatos que dão uma outra idéia à daqueles escritores clássicos da História do Brasil. Considero que Facó é um pioneiro ao estudar dessa forma os principais problemas econômicos, sociais e políticos, dando-lhes certa unidade, e ao apresentar algumas conclusões dignas de serem levadas em alta conta.
Ele situa, por exemplo, o desenvolvimento industrial do País, e o conseqüente surgimento das classes e camadas, como um passo decisivo na ruptura com o passado, aquele da completa submissão ao imperialismo e do absoluto domínio do latifúndio e do conseqüente atraso. Focaliza nos seus aspectos mais crus o desenvolvimento econômico desigual, particularmente o do Nordeste.
Dá o destaque necessário, na História do País, ao movimento nacionalista, aos movimentos sindical, camponês, estudantil e da burguesia nacional. Focaliza com bastante relevância o papel da Igreja e o da imprensa; o surgimento e as verdadeiras características dos partidos políticos e questiona inclusive os caminhos do movimento de libertação nacional. Ele divisa todos esses fatos como o encaminhamento para um fim grandioso das idéias que abraçou, e, ao mesmo tempo, como homem que ama sua pátria, seu povo e sua cultura.
[...] Com o surgimento da indústria, que propiciou as condições econômicas - fator decisivo - , teve início a resistência real à dominação imperialista e ao reino do latifúndio. Facó colige os principais fatos do desenvolvimento do povo, de suas lutas e do seu progresso. O surto industrial acha-se fundido com a Abolição da Escravatura, com a imigração, com os industriais nacionais pioneiros, do tipo de Mauá, com a comercialização dos produtos da agropecuária, com o desenvolvimento das estradas, etc.
[...] A burguesia nacional, para o autor, constitui uma força revolucionária, objetivamente surgida no cenário nacional como contradição ao imperialismo e ao latifúndio. Sua necessidade de desenvolver-se como classe e como força econômica e política faz com que precise da reforma no campo, sendo, pois, esta a sua missão histórica. Enquanto o Brasil se encontrar nas atuais condições, sua missão subsistirá e funcionará. Rui Facó mostra igualmente como alguns de seus setores têm negócios entrosados com a ação do imperialismo e a atual estrutura, cuja ação também está ligada à permanência desta ordem de coisas. Da mesma forma, ao apreciar seu desenvolvimento como classe e força econômica e política, mostra como a mesma, nascida e tendo-se desenvolvido no próprio processo de ação do imperialismo, com este empreende negócios. Isto também acontece no setor agropecuário, e, como conseqüência desta situação objetiva, suas posições são conciliadoras com aquela força. Mas ele destaca, com a veemência necessária, o que predomina, mostrando que, sem sombra de dúvida, na atual etapa histórica, a burguesia nacional representa um fator positivo, a serviço dos interesses maiores do povo e da nação
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CONTINUA