Mas num artigo do jornalista Gondim da Fonseca a tese de "assassinato" aparece claramente na Imprensa, e, ainda mais, na Grande Imprensa, embora regional.
O artigo de Gondim da Fonseca foi publicado no dia 4 de abril 1963 no jornal Gazeta de Notícias, de Fortaleza.
Gondim lamenta que "a imprensa diária, excetuada a Gazeta de Notícias, não deu relevo à morte do companheiro de jornalismo Rui Facó, ocorrida em dias do mês passado, quando regressava de La Paz, num avião do Lóide Aéreo Boliviano".
Viperino, Gondim lembra que "Rui Facó principiou na imprensa quando eu já era burro velho, e nos Diários Mancomunados, [referência a Diários Associados] que sempre detestei. Entretanto, sua ação em interesse do povo e da pátria, ação que o conduziu ao cárcere, o obrigou a viver fora do Brasil e a levar sempre uma vida penosa e de trabalho árduo, o consagrou como paradigma para quantos se dedicam à faina do jornal."
Aqui, Gondim é preciso quanto a uma característica profissional de Rui, de repórter cheio de acuidade e precisão na apuração dos fatos e original, quando opinava, analisava e comentava. "Rui possuía cultura séria, procurava documentar-se, escrevia baseado em fatos, não usava as palavras como sons mais ou menos harmoniosos à maneira do Jorge Amado, que escreve de ouvido como quem toca piano sem estudo de música, tirando acordes que não estão certos, mas tapeiam quem escuta. Julgo não ofender os meus colegas de Novos Rumos, declarando que Rui Facó era ali figura primacial e que será dificílimo substituí-lo."
"Eu o estimava deveras. Além de estudioso de problemas sociais e econômicos, Rui era machadiano arguto", escreve Gondim. "Numa época em que a grã-finagem das letras erigia o autor de Dom Casmurro em artista mais ou menos abstrato, longe da realidade ambiente, ele protesta. 'Machado de Assis — escreve Rui na Voz Operária, a 27 de setembro de 1958 — exclui a arte pela arte. Sua obra reflete precisamente o ambiente em que vivia.' É digna de destaque esta sua opinião, que infelizmente não era generalizada: "O que se deve exigir de um escritor, antes de tudo, é certo sentimento íntimo que o torne homem do seu tempo e do seu país"..